Quando um corpo não possui mais
pressão suficiente para produzir uma força para fora que contrabalance
o peso de suas camadas externas (Fig.1.1), o corpo colapsa
matematicamente a um ponto! Este ponto é chamado de singularidade, onde
a densidade tende ao infinito. O campo gravitacional é tão forte que
nem mesmo a luz é capaz de escapar e por isso tal corpo é chamado de
Buraco Negro (BN).
Fig. 1.1 - Forças internas se
equilibrando (em uma estrela).
Assim sendo, o nome “Buraco Negro” é devido ao fato de ele não emitir radiação e
não por uma coloração escura.
Um
conceito equivocado é de que um BN suga a matéria ao seu redor. Isto
somente acontece se a matéria chegar muito próxima ao BN, a uma
distância menor do que o seu raio de maré.
Neste sentido o nome Buraco Negro transmite o conceito corretamente,
pois não vemos buracos sugando as coisas. Entretanto, tudo que é
atirado contra ele fica
retido em seu interior e é irrecuperável.
Características
fascinantes dos BNs são fenômenos físicos extremos –
preditos na relatividade geral - observados, na natureza, devido ao
forte campo gravitacional, como distorções do tempo e
do espaço ao seu redor. Embora existam muitos aspectos que diferenciem
BNs de corpos normais, eles possuem algumas propriedades que
muitos corpos celestes possuem, como: massa, carga elétrica e
momentum angular.
Desconsiderando a carga elétrica, os Buracos Negros podem ser descritos por dois tipos de modelos: de Schwarzschild e de
Kerr.
1.1 - Buracos
Negros de Schwarzschild
Esse é o modelo mais simples, por
não considerar rotação, sendo caracterizado somente pela massa, a
singularidade central e o horizonte de eventos. O BN de Schwarzschild tem
este nome porque sua teoria foi desenvolvida pelo astrofísico alemão
Karl Schwarzschild na hipótese de ausência de rotação. Alguns
indícios (indiretos) da presença ou não de rotação em um buraco
negro podem ser observados. No caso de buracos negros supermassivos,
a potência dos jatos emanados do núcleo de galáxias ativas pode
ser usada como um indicador de rotação, uma vez que ela é muito
maior para buracos negros em rotação. 1.2 - Buracos
Negros de Kerr
São
assim chamados pelo fato de que a teoria que os descrevem
(uma solução das equações de Einstein da Relatividade Geral) ter
sido desenvolvida pelo matemático Roy Patrick Kerr, e a diferença
em relação ao buraco negro de Schwarschild é o fato de apresentar
rotação. Como a rotação deve ser comum na matéria que colapsa
para formar um Buraco Negro pela conservação de momento angular, é
provável que a maioria dos BNs apresente rotação. Além da
singularidade e do horizonte de eventos, é caracterizado pela presença
da
ergosfera, região que circunda o horizonte de eventos, em que o espaço
é arrastado pela rotação do BN. É possível extrair energia da
ergosfera, como acontece com jatos emitidos por BNs supermassivos, que
são gerados nas bordas internas do disco de acreção que podem estar já
dentro da ergosfera.
Finalmente, há modelos de BNs que consideram a presença de carga elétrica:
1.3 - Buraco
negro carregado
Este
modelo de Buraco Negro foi obtido a partir
da solução das Equações de Einstein da Relatividade Geral pelos físicos
Hans Reissner e Gunnar Nordström. Não leva em consideração a rotação
mas considera o colapso
de um objeto eletricamente carregado. Mais tarde, foi teorizado o
modelo de Buraco Negro Kerr-Newman. Esse buraco negro possui, além
da carga elétrica, momentum angular, como é o caso do Buraco negro
de Kerr, descrito acima. Devido à enorme velocidade rotacional do
buraco negro e ao fato deste ser eletricamente carregado, um intenso
campo magnético é gerado, que é responsável por causar uma
ruptura no horizonte de eventos, criando dois horizontes de eventos e
entre eles um fluxo de matéria intenso que, devido a sua interação
violenta, expulsa fótons na forma de raios gama.
2. Efeitos Gravitacionais dos
Buracos Negros
2.1 -
Velocidade de Escape
Para que um corpo de
massa m1escape do campo gravitacional de um corpo de
massa m2, estando a uma distância R do centro deste corpo,
a sua energia cinética deve atingir ou superar sua energia
potencial:
onde ve
é a velocidade de escape e G é a constante gravitacional. Veja abaixo o valor da velocidade de escape para alguns corpos conhecidos:
Para a superfície da Terra ve
= 11,2 km/s
Para a Lua ve=
2,4 km/s
Para o Sol ve = 618
km/s
Para uma estrela de nêutrons ve
= 0,5c onde c = 300.000 km/s (a velocidade da luz).
2.2 -
O Raio de Schwarzschild
Partindo da equação
1, que define a velocidade de escape, podemos impor a condição para que nem a luz escape de um corpo de massa m2. Isolando o raio R, e substituindo ve por c, obtemos uma distância ao corpo de massa m2 para a qual nem a luz consegue
escapar.
Essa distância é denominada Raio de Schwarzschild:
Obs.:
Embora a derivação do raio de Schwarzschild pela
mecânica newtoniana dê o valor correto, uma derivação rigorosa deve ser feita utilizando a teoria da Relatividade Geral.
2.3 - O Horizonte de Eventos
O raio de
Schwarzschild caracteriza uma região limite, que é o horizonte de
eventos, a partir da qual nada consegue escapar, por isto sem comunicação com o
meio externo. Todo corpo que for comprimido a um raio menor do que o
do seu horizonte de eventos (RSch) vai colapsar a um ponto no qual a
densidade é infinita (singularidade). Esta é possivelmente a melhor
definição de um Buraco Negro.
Como o raio de
Schwarzschild depende apenas da massa, sendo proporcional à ela; é fácil calcular seu valor para
corpos de massa conhecida:
Se para um corpo com a massa do Sol
(Mʘ)
RSch=
3 km, então para um corpo com 2 vezes a massa do Sol MʘRSch=
6 km. Para a Terra, RSch=
8.9 mm e para o buraco negro supermassivo no centro da galáxia RSch
fica entre 10 e 15 milhões de km.
O desparecimento de matéria
através do horizonte de eventos foi observado com o telescópio espacial Hubble na observação de um sistema binário de estrelas, chamado Cygnus
X-1. Neste sistema, uma estrela de 30Mʘestá tendo
sua atmosfera capturada por um buraco negro. Conclui-se isto a partir
da observação do enfraquecimento na emissão ultravioleta do gás,
sugerindo que o mesmo está sendo engolido pelo Buraco Negro.
2.4 -
O Raio de Maré
O
raio de maré, também chamado raio de Roche, é a distância limite
para um corpo se aproximar do buraco negro sem ser destruído. Isto
ocorre porque a força de maré supera a força gravitacional interna do
corpo que se aproxima. Se levarmos em consideração a igualdade
entre a força gravitacional e a força de maré encontramos este raio
limite de aproximação do corpo em relação ao buraco negro dado
por:
Onde
RM é o raio de maré, ρE é a densidade do corpo que se aproxima, RSch é o raio de Scharzschild e ρM
é
a densidade do Buraco Negro, dado pela razão da massa do Buraco Negro
pelo volume do mesmo, obtido considerando o vloume do Buraco Negro como
sendo o de uma esfera de raio RSch. A
figura ao lado mostra o que acontece com uma estrela que se aproxima de
um Buraco Negro, chegando a uma distância menor do que o raio de maré
(limite de Roche): seu volume esférico se modifica para o de um
charuto, depois de uma panqueca, voltando ao de um charuto maior.
2.5 -
Distorção do Espaço
Nas
proximidades de um campo gravitacional forte, o espaço-tempo sofre
uma deformação que provoca um aumento da distância radial à massa central, à medida que
nos aproximamos da mesma. Para campos gravitacionais fracos
esta distorção é desprezível. O efeito fica mais evidente nas proximidades de objetos com campo gravitacional forte, como é o
caso de estrelas compactas (anãs brancas, estrelas de nêutrons),
buracos negros ou galáxias massivas. A distorção acontece ao longo
da direção radial, de forma que podemos determinar o comprimento de
uma circunferência ao redor do buraco negro e calcular a área da
esfera à qual ela pertence mas não podemos determinar com o mesmo
tipo de geometria (Euclidiana), o raio da circunferência.
Por
exemplo: Você está a bordo de um foguete orbitando (circulando) um
buraco negro com RSch=3 km; você mede a circunferência
da órbita e então calcula (usando a geometria euclidiana) a
distância (o raio da circunferência) até o buraco negro como sendo
30 km. Então você anda 21,92 km em direção ao buraco negro e
mede o raio da órbita. Você determina, dessa forma, que sua
distância ao buraco negro é de 10 km e não 8,08 km (30 - 21,92)
como a geometria Euclidiana prevê. Agora você se move em direção ao buraco
negro 28,52 km a partir da posição original. Pode parecer que você
ultrapassará o horizonte de eventos (que tem RSch=3 km) mas isso não acontece.
Então você determina o raio novamente e verifica que você ainda
está a 5 km do buraco negro e não 1,68 km (30 - 28,52) como a
geometria Euclidiana prevê. Conclui-se claramente que o forte campo
gravitacional distorceu o espaço.
Confira uma seleção de vídeos que fiz explicando mais sobre este assunto:
Como já diria o grande Cazuza, “o tempo não para”. Quer você queira
ou não, ele está sempre correndo com toda disposição do mundo. Mas,
afinal de contas…
O
Astrônomos do projeto Kepler, o telescópio caça-planeta da NASA,
anunciaram a descoberta do que pode ser um dos análogos mais próximos da
Terra até ago
Desde que a igualdade no casamento se tornou um tema nacional de
conversa, temos ouvido muito sobre o “casamento tradicional”. Para as
pessoas que são contra
Cientistas australianos confirmaram recentemente um dos aspectos
teóricos da física quântica: que certos objetos alternam entre os
estados de partícula e onda
Físicos e matemáticos têm buscado uma Teoria de Tudo que unifique a
relatividade geral e a mecânica quântica. Enquanto a relatividade
explica a gravidade e f
Mesmo entre os estudiosos da física quântica, a Interpretação dos Múltiplos Mundos (ou, como também é conhecida, “Teoria dos Universos Paralelos“)
tem poucos
A NASA acaba
de divulgar uma imagem inédita para a comunidade científica
internacional. Usando uma câmera especial batizada de Atmospheric
Imaging Assem
Essa água viva, chamadaTurritopsis nutricula (vamos chamá-la de Tut) simplesmente não consegue morrer de causas naturais. Sua capacidade de regeneração
No final da semana passada, a decisão da Suprema Corte dos Estados
Unidos fez com que o país norte-americano se tornasse o 23º do mundo a
reconhecer o casam
A Faixa de Gaza é um território no Oriente Médio com
baixo desenvolvimento, é um dos lugares mais conturbados do mundo por
causa das presentes disputas.
O
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